Fiscais da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e policiais ambientais realizaram operações no Rio Arinos, Bacia Hidrográfica do Amazonas, em Mato Grosso, e detectaram uma alteração no ciclo de reprodução dos peixes da espécie matrinxã. O peixe é muito apreciado na culinária local e tem sido capturado irregularmente por pescadores, que estão sendo multados.
Durante as operações ambientais, os fiscais constataram que muitos pescadores têm usado soja, milho e até sebo bovino para atrair os peixes para armadilhas nas margens dos rios usadas para capturar os peixes. As armadilhas feitas com barris grandes cheios de grãos e sebos atraem muitos peixes. Os policiais ambientais afirmam que a prática é ilegal e tem sido combatida por meio de fiscalizações. Acampamentos de pescadores foram fechados e armadilhas foram retiradas das margens dos rios.
Os ribeirinhos da região começaram a notar que esta prática tem deixado mais difícil encontrar o peixe. “Nós pegamos quatro matrinxãs em dois dias de pesca. Eles [os infratores] pegam 30 em meia hora”, reclamou o pescador Bento Mendonça.
Segundo o agente ambiental Jean Ferraz, as armadilhas podem ter afetado o ciclo de reprodução dos peixes matrinxãs. “Eles estão com a ova em estado bastante avançado de maturação e podem reproduzir antes do período de piracema [período de desova dos peixes]”, comentou o agente, ao abrir os matrinxãs encontrados nas armadilhas.
No ano passado, a piracema na Bacia Amazônica começou no dia 5 de outubro. A partir desta data é proibida a pesca nestes rios, inclusive na modalidade pesque e solte. A piracema é um processo natural que ocorre em ciclos anuais e consiste na migração das espécies rumo à cabeceira dos rios, buscando alimentos e condições adequadas para o desenvolvimento, principalmente das larvas e dos ovos.
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